Lição nº 07- 2º Trimestre 2009 - Considerações Acerca do Casamento
Lição 07 – Considerações Acerca do Casamento
De 17 de Maio de 2009
Comentário: Pb Cleber de Amorim / Criciúma SC
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Comentário da Lição nº 7 da Revista da Escola Bíblica Dominical, das Assembléias de Deus no Brasil (CGADB) Ed. CPAD, RJ, 2º Trimestre de 2009.
Leitura Bíblica em Classe: I Co 7.1-5,7,10,11.
Divisão Tópica
Introdução
I – Casamento ou Celibato
1 – Casar ou não casar (vv 1).
II – A Necessidade do Casamento (vv 2-5)
1 – Obrigações recíprocas (7.3,4)
2 – Abstinência temporária (7.5,6)
III – O solteiro (vv 7-9)
1 – Cada um tem de Deus o seu próprio dom (v 7)
2 – O conselho de Paulo aos solteiros que desejavam permanecer neste estado (v 8)
IV – Os Compromissos Cristãos no Casamento (vv 10,11)
1 – A mulher e o marido não devem se separar
2 – Conversão do cônjuge após o casamento (7.12-16)
Conclusão
Paz do Senhor Jesus Cristo aos abnegados professores (as) da maravilhosa Escola Bíblica Dominical. Você tem um imenso valor no Reino de Deus, pois a EBD lança seus conteúdos e abordagens sobre a família cristã, em todas as faixas etárias, e também no discipulado cristão, atendendo os novos conversos tão carentes da sabedoria de Deus. Seu trabalho ecoará por toda a eternidade, e suas obras te seguirão!
Neste domingo iremos abordar um tema muito rico e abrangente, lindo em seu contexto e inserido no contexto da vida humana, e responsável direto pelo equilíbrio familiar, social e espiritual de uma sociedade, chamado matrimônio ou casamento, porém nesta lição dentro da visão Paulina exposta aos coríntios, o que deve ser entendida por seu contexto.
O capítulo sete de primeira Coríntios é sem dúvida, um dos mais ricos textos bíblicos sobre o tema em apreço, fornecendo conselhos aos solteiros celibatários, viúvos, casados crentes e mistos (cristão/não cristão).
Vamos dividir o comentário em três instâncias: O casamento, o celibato e o estado dos solteiros (virgens?) e viúvos. Fornecendo assim uma visão holística do tema, não nos concentrando apenas em nuances sobre o mesmo, mas no bojo, sempre usando como base o ensinamento bíblico.
Casamento
Etimologia
Do grego Gamus significando tanto a união entre um homem e uma mulher, bem como a boda (festa).
Matrimônio é um termo latino que fala do papel da matriarca como reprodutora, dentro do casamento.
Definições:
“A união moral, contratual e religiosa entre um homem capaz e uma mulher idônea. É a união de vidas, de almas, de corpo e corações, deve ser também, antes de tudo social”. João Pereira de Andrade.
“União entre homem e mulher, segundo as leis civis e religiosas; matrimônio” Minidicionário Luft.
Principais características
1) Criado por Deus não no formato civil de hoje, mas na síntese da gênese humana (Gn 1.27,28; Mt 19.4). Pelo simples fato de na criação não haver a instituição da lei civil, descobre-se aqui, que a lei do matrimônio é divina, intrínseca e inata ao gênero humano, portanto superior a qualquer conceito humano ou convenção social.
2) Entre homem e mulher, macho e fêmea, pai e mãe (Gn 1.27; Mt 19.4; Mc 10.6,7;), havendo uma clara regra contra o homossexualismo em Lv 18.22 “Com homem não te deitarás como se fosse mulher, é abominação”.
3) Um estado definitivo dentro da vida humana (até que a morte os separe) indissociáveis entre partes (Mt 19.6b). “Portanto o Deus ajuntou não separe o homem”, é a afirmativa de Jesus, dando a entender que o ser humano não tem a prerrogativa de adulterar esta lei. Deus ajuntar, não é uma afirmativa de que todo casamento é dirigido por Deus, mas que a união em si é criação divina, e que os noivos precisam buscar esta direção, para a plena felicidade. Por extensão entendemos que somente a morte pode interferir findando este pacto.
4) Uma união espiritual e milagrosa, pois dois se tornam uma só essência (uma só carne) (Gn 2.24; Mt 19.5,6). A união conjugal impreterivelmente expõe o casal a uma intimidade sem precedentes entre todas as instâncias da vida. União esta de substância (carne) com todas as suas consequências genéticas e biológicas. A vida da carne está na alma, subentendendo-se por extensão união de corpo, alma e espírito. União emocional, financeira, intelectual etc.
5) É o projeto de Deus para a perpetuação da raça humana (Gn 1.28). Hoje em dia com a multiplicação da ciência genética, espera-se que a fertilização em vitro suplante a necessidade do casamento e da união entre marido e mulher para a formação de uma família, abrindo assim um precedente moderno a família homossexual.
Porém o gênero masculino e feminino não podem ser desprezados, por ser uma realidade tanto antes como depois da fecundação. Hoje a ciência corre atrás da tecnologia para até mesmo se escolher o sexo do bebê na fecundação artificial por esta técnica. Como se vê, o homem busca apropriar-se de uma autoridade divina, governado assim seu destino.
6) Deve ser de livre e afetuoso consenso entre partes.
Originalmente o modelo divino para este estado era a monogamia (um casal) tendo por exemplo Adão e Eva. Isso é provado pela genética uniforme do gênero humano, advinda de uma ancestralidade comum. O gênero humano dividi-se em raças, com diferenças puramente estéticas, porém com interiores totalmente iguais, denotando que a humanidade tem uma origem comum.
Variações:
Com o passar dos tempos por causa da obstinação humana, este formato original foi-se deformando surgindo assim várias modalidades de casamento como a Poligamia, o Concubinato e até mesmo a Poliandria.
A Poligamia é o casamento de um homem com duas ou mais mulheres. Exemplos bíblicos são vastos como Abraão, Jacó, Davi e Salomão dentre outros. Deus criou este estado? Não. Supomos que Ele suportou este negócio, pela dispensação em que viviam, e a situação como a dos Reis que herdavam as filhas dos Reis subjugados em guerras, fazendo com que Salomão tivesse 700 mulheres e 300 concubinas (I Re 11.3). Davi teve como esposa Mical (I Sm 14.29), Ainoã, Abigail, Maaca, Hagite, Abital, Eglá e Bate-Seba (I Cr 3.1-9).
Lembro aqui a poligamia não era considerada um pecado contra o 7º mandamento (Não adulterarás Ex 20.14). Pois a poligamia era plenamente aceita na cultura oriental naquela época, e inclusive hoje em dia. Davi por exemplo pecou quando adulterou com Bate-Seba
(mulher de Urias), cobiçando-a, e quando se tornou homicida, quando ordena a morte de Urias. Salomão pecou quando adorou os Deuses de suas esposas.
O concubinato era praticado quando as servas das mulheres dos patriarcas (chefes tribais como Abraão) lhe prestavam favores sexuais. Um homem então tinha quantas mulheres pudesse sustentar, e mais as servas de sua esposa.
Lembremos aqui, que em ambos os casos – poligamia e concubinato, a mulher não exercia um papel de relevância social, às vezes sendo tratada como um bem, uma possessão. Alguns dizem que em épocas passadas devidos as grandes baixas de homens em guerras, havia a necessidade de restabelecimento demográfico da nação, justificando assim a poligamia como ato de importância social (sustento de viúvas desamparadas).
A poliandria, era o casamento de uma mulher com mais de um homem. Esta prática era externa a cultura hebréia, porém observada em povos pagãos. Também não devemos conotar esta prática com a narrativa dos Evangelhos (Mt 22.23-33; Mc 12.18-27; Lc 20.27-40) quando os saduceus falam de uma viúva e seus sete casamentos com irmãos de seu marido. A questão aqui era a ressurreição.
Biblicamente:
Visão Veterotestamentária A.T.
Moisés. Narra o Gênesis, escreve a Lei dos Judeus e nela expõem em Deuteronômio 24.1-4 as condições de divórcio, e em Levítico 18 uma lista de pessoas que não podiam contrair matrimônio entre si. Os patriarcas eram de antes da Lei Mosaica.
Juízes, Profetas e Livros Históricos. Narram do cotidiano dos israelitas, expondo fatos inerentes de seu tempo, onde se observa
que a monogamia não era um ideal hebreu.
Visão Neotestamentária
Jesus. A visão de Jesus sobre o casamento é clara e contundente. Ela está exposta nos textos de Mt 5.31,32; 19.3-12; Mc 10.2-12; Lc 16.18.
Lendo atentamente, notamos de forma cristalina que Jesus condena o divórcio contundentemente, aceita apenas uma condição para a dissolução do casamento – o adultério (relação sexual ilícita/com outra pessoa fora do casamento, seja solteiro ou casado).
Note que Ele abre esta porta para o divórcio, porém não abre outra porta para um novo casamento, nem deixa subentendido que isso seja aceito por Ele. Note como esta inflexibilidade é entendida pelos discípulos: “Se esta é a condição referente à mulher, não convém se casar” Mt 19.10.
Veja essa, os fariseus afirmam que Moisés “mandou” dar carta de divórcio e repudiar (Mt 19.7). Jesus, porém diz que Moisés “permitiu” (Mt 19.8) repudiar a mulher pela dureza dos “vossos” corações, igualando os fariseus aos judeus incrédulos da época de Moisés.
E por fim a afirmação de Lucas 16.18 é cabal: “Quem repudiar sua mulher e casar com outra adultera; e quem casar com a repudiada também adultera”. Como se vê, para Jesus o casamento é indissolúvel.
Paulo. Paulo fala aos coríntios na primeira epístola no capítulo 7, abordando a temática da prostituição, e a eminente vinda de Jesus, levando assim a igreja a viver esta expectativa como prioridade, acima de demandas cotidianas. Para ele os solteiros e viúvas tinham mais condições de servir a Deus, do que os casados, que dividem a sua vida ao servir a Cristo e a família. Ele não condena o casamento, pelo contrário ratifica, afirmando que cada um tenha o seu próprio cônjuge (I Co 7.2), e que cada um dos cônjuges retribua o que é de direito sexualmente falando ao outro (I Co 7.4,5).
Para Paulo, o divórcio não era aceito, porém se acontecesse que os cônjuges ficassem sós ou se reconciliassem (I Co 7.10,11). Como se Vê não há segundo casamento, enquanto um dos cônjuges viver.
Para Paulo um dos sinais dos fins dos tempos era a proibição do
casamento (I Tm 4.13).
Celibato
Aos Coríntios Paulo afirma que sua condição celibatária (a Bíblia nada fala sobre Paulo ser casado, e seu estado parece ser este) é a melhor forma de servir a Cristo. Porém para Timóteo ele afirma que os Presbíteros e Diáconos devem ser maridos de uma só mulher. Ele afirma que quem não governa bem a sua casa não pode governar bem a Igreja. Para ele o celibato era um dom! (I Co 7.7).
Ao que tudo indica João Batista também era celibatário. Há os que afirmam que Jesus e João batista tiveram a influência dos essênios (praticantes de uma “pureza elevada”), e muito conhecidos dos estudiosos bíblicos, que praticavam o celibato, porém como uma forma de purificação da alma.
Existe a posição dos gnósticos gregos que afirmavam que o corpo é a sede de todos os males, logo para uns todo o prazer que a carne pudesse dar, deveria ser utilizada. Para outros quanto mais longe destes prazeres melhor para a vida da alma. O certo nesta discussão é que o sexo é uma benção, para o gênero humano, e que sua deturpação é obra diabólica.
Jesus fala de três classes de eunucos (Mt 19.12), os que nasceram os que se fizeram (pelo reino de Deus), e os que foram forçados a ser (por vários noivos).
A Igreja Católica ensina o valor do Celibato segundo seus conceitos, pela teoria do duplo padrão, onde se declara que os celibatários monásticos e chamados pela vocação ministerial, são pessoas especiais em relação aos “comuns”. Como se vê, o que se precisa ter bem claro é uma consciência em relação ao sexo, pela lógica divina, onde ele é santo, uma benção trazendo benefícios ao ser humano.
Solteiros e viúvos (as)
Não existe termo hebraico para solteiro no VT, para o hebreu a fertilidade era uma benção divina, e o estado solteiro não era louvado como virtude, e sim uma fase da vida a ser superada. O Salmo 128 é
o grande ideal da família de Deus.
No NT Jesus é o símbolo do noivo ideal, e a Igreja é o estereótipo da noiva ideal – sem mancha, sem mácula, vestida de linho branco finíssimo.
O exemplo de José com Maria, quando da concepção de Jesus é base clara, que o sexo antes do casamento era proibido entre a cultura
Judaica no NT. Muito diferente dos padrões expostos pela sociedade
atual, onde o sexo livre é defendido ou tolerado abertamente pela sociedade. O jovem cristão deve permanecer puro, se estiver em estado de dificuldade com este tema deve se casar (I Co 7.9).
Conclusão
A doutrina bíblica sintetizada por Paulo aos Coríntios deixa claro que o casamento é santo como instituição, benéfico à sociedade, aos cônjuges evitando a proliferação da prostituição e das consequências dela.
Não devemos questionar neste tema a salvação de quem passou por problemas conjugais, esta atitude pertence a Deus! Cremos que a salvação é pela graça e só Deus pode perdoar os pecados, eleger quem entra ou não no céu. O certo é que o Bispo, ou o Diácono não deve ser divorciado! Deve zelar pelos santos laços do matrimônio, para poder ensinar e pregar o santo evangelho sem contradições e limitações. Nem ser ele casado com uma mulher de “cada vez”. E sim com uma mulher a vida toda.
No meio evangélico se considera a condição dos incrédulos que se convertem a Cristo trazendo uma sem conta de problemas incluindo aí o divórcio, conferindo-lhes a oportunidade de viver uma nova vida em Cristo, começando tudo do zero, a partir da forma como foi chamado (escravo, livre etc). Já para os da fé é vedado qualquer oportunidade de desfazer o compromisso sem arcar com as custas espirituais do divórcio. Seja como for, a lei do amor deve reger este tema, para um fim proveitoso a cada casal, e para a glória de Deus.
Deus abençoe!
Irmãos enviem perguntas e sugestões por nossos contatos acima. Se algum abençoado tiver sugestões para as próximas lições, postaremos com o maior prazer citando a fonte, assim desenvolvendo em conjunto com todos, o magistério de Cristo na Terra.
Irmão Cleber!
Otimo Post!
Corajaso e verdadeiro, segundo a Palavra.
Navegando por ai achei seu blog. Surpresa boa. Vou segui-lo a partir de agora. Quando tiver um tempinho, vá visitar meu blog também, o Genizah.
A paz!
Danilo